segunda-feira, 9 de março de 2009

Longe das lamentações de sempre, venho agora enfastiar-lhes com minhas constatações.

Cidade pequena é um troço peculiar mesmo. E na adorável Cambuquira aonde atualmente vivo, tudo tem um ar ainda mais misterioso. A cidade possui um ar de local de veraneio, aonde as pessoas constroem belas casas pra passarem os feriados; mas tudo é surpreendentemente parado e inóspito, embora a população local seja assaz cordial. Há um odor suave de podridão instalado em cada canto, cada praça, cada casa velha. E os prédios, antiqüíssimos, não me deixam mentir. Um cassino-hotel que teimosamente permanece de pé, embora o mato esteja saindo pelas janelas, é a maior prova desse ar decadente.

Não fiz sequer uma amizade, não conheço absolutamente ninguém. Para evitar acessos de tédio, passo o dia lendo e fumando. Sento-me na varanda e observo os transeuntes com um cigarro entre os dedos. Recentemente, adquiri o hábito de tomar um vinho barato, que por falta de espaço, acabou vindo parar num móvel do meu...hum... escritório (quarto dos fundos?). O troço me dá azia, mas é doce e tem um sabor até agradável.

Por fim, digo apenas que a solidão é uma grande companheira da criatividade. Mas no meu atual estado de espírito, a criatividade seria trocada de bom grado por uma companhia mais palpável que o vinho.