quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Divagações

Ontem, enquanto eu caminhava sozinho pela suave névoa noturna, relembrava coisas que há muito havia enterrado no claustro da minha memória.
Eram fatos irrelevantes, mas que com o tempo se tornaram grotescamente enormes. Como um câncer que se acopla em algum lugar escuro e profundo do interior do seu corpo, e te devora por dentro com tal voracidade, que quando você percebe, já se tornou apenas um invólucro pra algo purulento e maléfico.
Aquela fria brisa noturna me acompanhou durante minha viagem à época em que eu apenas me preocupava em parecer relevante às pessoas. A iluminação etérea daqueles malditos halos de luz que os postes emitem me pareceram apenas o reflexo da clara luz de melancolia que brotava da minha mente distorcida. Eu poderia descrever durante horas aquele ambiente vazio e inóspito que me inspirou a escrever toda essa droga, e simplesmente não faria jus à profundidade e beleza daquelas ruas vazias.
Apenas digo que tudo aquilo me levou ao princípio de tudo. Ao dia em que meu espírito pueril foi literalmente sepultado e devidamente substituído por uma alma nova, uma mentalidade permanentemente sedada. Programas de auditório idiotas, cinema americano dos anos 90, barbitúricos... Inúmeras causas poderiam ser citadas, mas nenhuma delas faria jus aos efeitos distópicos que a mentalidade adolescente que me acompanhou, irredutível, causou a minha mui suscetível alma.

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